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PAM, o que falta? A população sabe utilizar o serviço, a estrutura é adequada, o quadro de médicos está completo?

Publicado em 11-05-2016 00:00

       Durante duas semanas busquei informações e realizei levantamentos junto a amigos que trabalham no pronto atendimento municipal (PAM) de Araxá, recebo diariamente da população, várias reclamações em minhas redes sociais sobre o atendimento deste local, umas reclamações até com certo sentido, porém outras sem nenhuma relevância.

       Durante estes dias consegui detectar que o pior disso tudo, é que as reclamações em muitas das vezes é porque a própria população, ainda não sabe usar e para que serve o serviço urgência e emergência, ao qual o PAM é destinado, logico que toda regra a uma exceção, abaixo segue alguns levantamentos junto a fontes que trabalham no PAM.

       O PAM hoje está com uma alta demanda de atendimento NÃO urgente, ou seja, 80% dos casos poderiam ser atendidos nas UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE, isso se estas unidades funcionassem de maneira adequada. A maioria dos atendimentos são: amigdalite, cefaléia, diarréia, dengue, infecções respiratórias, etc. Estes dados estão disponíveis no banco de dados do próprio PAM. Consegui detectar que o bairro que mais procura o PAM é disparadamente a população do Centro da cidade. Em uma das fichas de atendimento, uma paciente que estava com dor no joelho há 09 meses, dor esta que a incomoda a 09 meses buscou atendimento no PAM, outros mais como, cisco no olho, berno, unha encravada, lavagem de ouvido, corrimento vaginal, DST e outros mais, são os casos mais constantes recebidos pelas equipes medicas do PAM. 

       O PAM em atendimento entre os anos 2014 a 2015, atendeu cerca de 6.000 à 7.000 pessoas por mês. Em maio foram atendidos cerca de 10.000 pacientes e em abril 9.200, um aumento expressivo para uma estrutura física que não comporta esta quantidade de pessoas, isso sem contar que foi criado o centro de Atendimento da dengue que mantém a média de 150 a 190 atendimentos diários.

       Médicos: Na administração anterior, o plantão diurno era formado por 03 médicos de 12 horas, e 02 médicos para atenderem no período noturno. Desde o final de 2014, é mantido o plantão com 04 médicos diurno e 02 médicos noturnos, com turnos de trabalhos de 12 horas e 01 medico até meia noite, mesmo assim não tem sido suficiente, e não é possível aumentar o número de médicos, porque não há consultórios para os médicos realizarem os atendimentos, e para complicar um pouco mais, em março deste ano, o PAM perdeu 07 médicos porque passaram na residência médica, e não estão conseguindo encontrar profissionais para serem contratados e que tenham interesse em dar plantão no PAM, haja vista que o trabalho é pesado e exige experiência em atendimento de emergência. Ainda segundo informações as dificuldade de contratação não é por parte da secretaria de saúde e sim na dificuldade de encontrar profissionais dispostos.

       Fechamento da Casa do Caminho: redução dos leitos de clínica médica, cirúrgica e UTI. A Santa Casa sozinha não consegue absorver todas as internações e com isso está congestionando no PAM. Uma vaga de Clínica médica como um caso de Pneumonia, infecção urinária, enfisema pulmonar, etc, podem demorar de 1 a 3 dias para o paciente internar, com isso o paciente fica aguardando no PAM até ser internado. Não tem como uma cidade do porte de Araxá ter apenas um hospital para internar, o PAM na grande maioria das vezes se encontra todos os dias com os leitos cheios. 

       Somos uma cidade que atendemos casos de média complexidade, casos de alta complexidade são referenciados para hospital escola de Uberaba ou de outros municípios. O Hospital Escola está atendendo no limite e a beira da falência, já o Hospital de Clínicas da universidade federal de Uberlândia (UFU), está praticamente falido. Em relação as transferências, o PAM de Araxá não está tendo dificuldade quanto vaga zero (casos graves com risco de Morte), segundo relato as transferências estão normais. Em relação ao Hospital Hélio Angotti, o hospital passa também por uma grande dificuldade financeira, o que também dificulta a transferência de pacientes oncológicos (vítima de câncer).

       Um aspecto positivo é que desde semana passada as gestantes com queixas obstétricas (relacionadas à gestação), estão sendo atendidas pelo obstetra na Santa Casa e não pelo clínico Geral do PAM. Esta era uma grandes “brigas”, e que Dr. Alonso, hoje secretário de saúde, conseguiu resolver. USG é realizado às 08:30 e 14:30 e o Dr. José Reinaldo, que é o médico que realiza estes atendimentos as gestantes, atende emergências no PAM fora deste horário.

       “A saúde é um setor muito complexo que exige mudanças em diversos setores. Acredito que o PAM é um termômetro da Atenção Básica. Se não atende lá, é para cá que o povo vem. Afinal, na unidade de saúde tenho que acordar cedo, marcar consulta, fazer exame no outro dia, esperar na fila, esperar uns dias para fazer Raio X, esperar meses para marcar Ultrassom, se a pessoas for no PAM a pessoa fica o dia todo e é medicada, faz exames. Se não houver mudança no setor primário e conscientização também da população, aqui sempre será alvo de muitas reclamações, porque aqui virou um POSTÃO DE SAÚDE. Como um lugar da conta de atender desde um paciente infartado, um acidentado e ao mesmo tempo, tem um dor de garganta, dor de ouvido etc, palavras do meu entrevistado. Graças a Deus não estamos com problemas relativos a falta de materiais e medicamentos, neste aspecto não temos problema..”

        Meu trabalho é focado nas coberturas policiais em Araxá e região, porem devido ao grande números de reclamações referente a este serviço prestado na cidade, resolvi buscar informações junto a amigos e fontes que trabalham junto ao PAM. 

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